A Descoberta das Bruxas: Magia e Ciência em Romance Proibido

Já se perguntou como seria uma série de vampiros que não fosse só sobre mordidas no pescoço e romances adolescentes? Pois “A Descoberta das Bruxas” chegou para mostrar que histórias sobrenaturais podem ter tanto charme intelectual quanto sangue nas veias. Recém-chegada à Netflix com suas temporadas completas, essa série baseada nos livros de Deborah Harkness traz uma proposta diferente para o universo fantástico.

Em vez de apenas apostar em criaturas bonitas se apaixonando, a série mistura academia, história, ciência e magia de um jeito que faz todo sentido. Temos uma bruxa que não quer ser bruxa, um vampiro que é cientista, e um livro misterioso que todo mundo quer botar as mãos. E sim, temos romance também – mas um que nasce de conversas sobre alquimia na biblioteca de Oxford, não apenas de olhares intensos ao pôr do sol.

SINOPSE QUE NÃO ESTRAGA A SURPRESA

Diana Bishop é uma historiadora talentosa que prefere esquecer que vem de uma linhagem poderosa de bruxas. Mas o destino tem planos diferentes quando ela topa com um manuscrito perdido há séculos na Biblioteca Bodleiana de Oxford. É como se o livro tivesse escolhido ela – e isso não passa despercebido pelo mundo sobrenatural.

Entre os curiosos está Matthew Clairmont, um vampiro elegante disfarçado de professor universitário e geneticista. O que começa como interesse científico pelo tal manuscrito logo se transforma em algo mais complicado. O problema? Bruxas e vampiros não devem se misturar, segundo as regras da Congregação, o conselho que mantém a paz entre as criaturas sobrenaturais. A busca por respostas leva Diana e Matthew a uma aventura que atravessa séculos e mexe com o equilíbrio entre três espécies: vampiros, bruxas e demônios.

FORMATO E JEITO DE CONTAR A HISTÓRIA

A série se divide em três temporadas bem amarradinhas – cada uma baseada em um dos livros da trilogia. É como degustar um bom vinho (algo que o vampiro Matthew adoraria): cada temporada tem seu próprio sabor, mas juntas formam uma experiência completa.

O ritmo é mais tranquilo do que muita gente está acostumada. “A Descoberta das Bruxas” não tem pressa em contar sua história e prefere construir aos poucos seu mundo e personagens. Nada de explosões a cada cinco minutos ou revelações bombásticas no final de cada episódio. Em vez disso, a série confia na curiosidade do espectador e na química dos personagens para manter o interesse.

Se você está procurando ação frenética o tempo todo, talvez se decepcione. Mas se gosta de histórias que respiram e te dão tempo para se apaixonar pelos personagens, vai se sentir em casa.

QUEM ESTÁ POR TRÁS DAS CÂMERAS

A showrunner Jane Tranter e a própria autora Deborah Harkness (como produtora executiva) fizeram um trabalho e tanto para trazer os livros para a tela sem perder sua essência. Em vez de simplificar tudo para agradar o maior público possível, elas apostaram na inteligência dos espectadores – algo raro hoje em dia.

Oxford não é apenas um cenário bonito na série, mas quase um personagem. As bibliotecas, os prédios históricos, os rituais acadêmicos – tudo isso cria uma atmosfera única que faz você quase sentir o cheiro dos livros antigos e ouvir o eco dos passos nos corredores de pedra.

O roteiro equilibra momentos de tensão, romance, humor e reflexão sem cair na tentação de explicar tudo como se estivéssemos em uma aula. É o tipo de série que respeita a inteligência de quem assiste.

ELENCO QUE BRILHA

A química entre Teresa Palmer (Diana) e Matthew Goode (Matthew) é daquelas que faz você torcer pelo casal desde a primeira cena que dividem. Palmer consegue mostrar a transformação de Diana de uma acadêmica que rejeita sua natureza mágica para uma bruxa poderosa que finalmente abraça quem realmente é.

a descoberta das bruxas
Imagem: Reprodução/Netflix

Já Matthew Goode… bem, seu nome não poderia ser mais apropriado. O ator traz uma elegância natural ao papel do vampiro centenário, com pequenos gestos que sugerem séculos de vida. Ele não precisa de presas à mostra ou olhos que mudam de cor para convencer que é uma criatura sobrenatural – está tudo no jeito que se move e no olhar.

O elenco de apoio também merece aplausos. Alex Kingston e Valarie Pettiford formam um casal adorável como as tias bruxas de Diana. A família vampira de Matthew, especialmente o patriarca Philippe (vivido por James Purefoy na segunda temporada), traz camadas de história e conflito à trama. Mesmo os personagens que aparecem pouco têm personalidade própria, o que enriquece muito o mundo da série.

CAPRICHO VISUAL E SONORO

Visualmente, a série é um deleite. A fotografia muda conforme a história avança pelas diferentes épocas. No presente, temos tons mais frios e uma estética acadêmica. Quando a história viaja para o passado, os tons ficam mais quentes e saturados, como se estivéssemos vendo o mundo através de uma lente vintage.

O cuidado com os detalhes históricos impressiona – desde os figurinos da Inglaterra elisabetana na segunda temporada até os objetos que decoram as residências vampíricas. Você sente que aqueles espaços são realmente habitados, não apenas cenários montados para as filmagens.

A trilha sonora complementa perfeitamente as cenas, alternando entre peças clássicas e composições originais que realçam os momentos de magia. E por falar em magia, os efeitos visuais são usados com moderação – o que é ótimo. Quando a magia aparece, ela causa impacto justamente por não estar em todas as cenas.

O QUE A SÉRIE TEM A DIZER

Por baixo da camada de romance sobrenatural, “A Descoberta das Bruxas” fala sobre coisas que importam. A separação forçada entre as espécies sobrenaturais é uma clara metáfora para preconceito e intolerância. A Congregação, com suas regras rígidas contra relacionamentos inter-espécies, parece familiar para qualquer um que já viu sistemas de poder baseados no medo do diferente.

a descoberta das bruxas
Imagem: Reprodução/Netflix

Diana representa a luta pelo direito de escolher quem somos, independente do que os outros esperam de nós. Matthew, por sua vez, luta constantemente contra sua natureza predatória, buscando ser mais que seus instintos – algo com que muitos de nós podemos nos identificar.

Um dos aspectos mais interessantes é como a série trata ciência e magia não como opostos, mas como diferentes formas de entender o mundo. Diana é uma historiadora que também é bruxa; Matthew é um cientista que também é vampiro. Eles usam tanto conhecimento acadêmico quanto habilidades sobrenaturais em sua busca por respostas.

A série também nos faz pensar sobre nossa relação com o passado e como ele molda quem somos hoje – algo especialmente interessante quando seus protagonistas literalmente viveram através de séculos de história.

MARATONA OU EPISÓDIO POR SEMANA?

Esta é definitivamente uma série feita para maratonas. Os episódios fluem naturalmente um para o outro, e há tantos detalhes e conexões entre tramas que você vai querer assistir tudo de uma vez.

O ritmo mais contemplativo pode parecer lento se você esperar uma semana entre episódios, mas funciona perfeitamente quando você mergulha no universo por algumas horas seguidas. É como ler um bom livro – você quer virar a página para saber o que acontece a seguir.

O “fator vício” não vem de ganchos artificiais no final de cada episódio, mas do envolvimento genuíno com os personagens e o mistério central. Você vai querer saber mais sobre o Ashmole 782 tanto quanto Diana e Matthew.

Para a experiência perfeita, prepare uma xícara de chá (ou uma taça de vinho tinto, como faria Matthew) e reserve um fim de semana chuvoso para mergulhar nesse mundo. E talvez depois você queira ler os livros para descobrir mais detalhes da história.

COMO SE COMPARA A OUTRAS SÉRIES

Se “True Blood” era a série sobrenatural que apostava em sexo e violência, e “Crepúsculo” era o romance adolescente com vampiros brilhantes, “A Descoberta das Bruxas” é a versão mais sofisticada e adulta desse universo.

A série não trata suas criaturas sobrenaturais apenas como fantasias românticas, mas como seres complexos com histórias, traumas e dilemas éticos. Os vampiros aqui não são apenas predadores sedutores – são indivíduos que carregam o peso de séculos de existência. As bruxas não são apenas mulheres com varinhas mágicas – são praticantes de uma arte antiga com responsabilidades e consequências reais.

No catálogo da Netflix, “A Descoberta das Bruxas” se destaca como uma opção para quem busca fantasia com um pouco mais de substância e maturidade, sem abrir mão do aspecto romântico que torna esses contos tão atraentes.

VEREDITO FINAL

“A Descoberta das Bruxas” consegue algo raro: satisfaz tanto os fãs dos livros quanto novos espectadores que nunca ouviram falar da trilogia. É uma série que respeita a inteligência de quem assiste e recompensa a atenção aos detalhes.

Dou 4.5 estrelas de 5. O meio ponto perdido é por alguns momentos em que o ritmo fica irregular (principalmente na transição da segunda para a terceira temporada) e por às vezes explicar conceitos complexos com diálogos um pouco forçados.

A série é perfeita para quem gosta de histórias sobrenaturais com profundidade emocional e intelectual. Se você aprecia romances históricos, vai adorar a segunda temporada. Se tem interesse na relação entre ciência e misticismo, vai encontrar muito material para reflexão ao longo das três temporadas.

Agora que a série completa está disponível na Netflix, é a oportunidade perfeita para conhecer esse universo fascinante de bruxas, vampiros e demônios que consegue ser, ao mesmo tempo, intelectualmente estimulante e emocionalmente envolvente.

Se você está cansado das mesmas histórias sobrenaturais de sempre e quer algo com um pouco mais de profundidade, “A Descoberta das Bruxas” é uma aposta segura que vai te fazer pensar tanto quanto torcer pelo romance proibido de seus protagonistas.

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