Cinturão de Van Allen: o escudo real na neve de O Eternauta

Nova série da Netflix conecta neve tóxica alienígena com fenômeno magnético terrestre

Um apagão total em Buenos Aires marca apenas o início de uma catástrofe muito maior na série “O Eternauta”, recém-lançada na Netflix. Adaptação da lendária HQ argentina de Héctor Germán Oesterheld, a produção apresenta Ricardo Darín enfrentando uma misteriosa neve tóxica que mata instantaneamente qualquer pessoa que a toque.

Em meio ao caos, a série propõe uma explicação científica intrigante que conecta esse fenômeno mortal com algo que realmente existe na natureza: os cinturões de radiação de Van Allen.

A explicação científica na série

No desenvolvimento da trama, o personagem Tano (César Troncoso) questiona Juan (Darín) sobre os cinturões de Van Allen. “É um anel de partículas radioativas que rodeia a Terra, suspenso pela força magnética dos polos. Funciona como um escudo que protege nosso planeta de ventos solares”, explica durante uma cena crucial.

Sua teoria sugere que, com o desligamento dos polos magnéticos, essas partículas carregadas de alta energia cairiam sobre a Terra — manifestando-se como a neve mortal que testemunham. “Fragmentos do cinturão de Van Allen em carne e osso. Isso veio para ficar”, conclui com resignação.

O que são realmente os cinturões de Van Allen?

Na realidade, existem dois cinturões toroidais (em forma de rosquinha) ao redor da Terra, descobertos em 1958 pelo físico James Van Allen. Estas regiões da magnetosfera terrestre capturam e retêm partículas energéticas provenientes do vento solar e raios cósmicos.

O cinturão interno, localizado entre 1.000 e 5.000 km acima da superfície, é composto principalmente por prótons de alta energia. Já o cinturão externo, situado entre 13.000 e 65.000 km de altitude, contém majoritariamente elétrons energéticos.

Estas estruturas funcionam efetivamente como um escudo protetor para nosso planeta, desviando e capturando partículas do vento solar que poderiam danificar nossa atmosfera. O campo magnético terrestre mantém estas partículas presas, realizando movimentos em espiral ao longo das linhas de força magnéticas.

Uma barreira natural contra radiação cósmica

Os cinturões de Van Allen representam um desafio real para missões espaciais. A intensa radiação nestas zonas pode danificar equipamentos eletrônicos e afetar a saúde de astronautas expostos por períodos prolongados. Durante as missões Apollo à Lua, por exemplo, os trajetos foram cuidadosamente calculados para minimizar a exposição dos astronautas a estas regiões.

Em 2012, as sondas gêmeas Van Allen da NASA revelaram a existência ocasional de um terceiro cinturão, demonstrando que este sistema é mais dinâmico e complexo do que se acreditava anteriormente.

Ficção inspirada na realidade

Na obra original de Oesterheld, a neve tóxica é apresentada simplesmente como parte da estratégia de invasão alienígena, sem explicações científicas detalhadas. A conexão com os cinturões de Van Allen representa uma adição criativa da adaptação da Netflix, oferecendo um fundamento científico mais sólido.

Esta abordagem estabelece uma ponte fascinante entre a ficção apocalíptica imaginada por Oesterheld nos anos 1950 e fenômenos reais estudados pela física espacial moderna, enriquecendo a narrativa com elementos científicos que ampliam o impacto da história original.

Com a segunda temporada já confirmada, resta acompanhar como a série desenvolverá essa relação entre campo geomagnético, física de plasma e a invasão alienígena que ameaça a humanidade.

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